quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Descobrindo coisas que sempre estiveram aqui...

Quando eu era bebê, minha mãe fez um diário contando como foram os meus primeiros meses...nele, ela falava da minha saúde frágil, de como cuidava da minha alimentação, das primeiras vezes que me levou ao centro espírita, do que as pessoas falavam de mim.

Quando eu ganhava algum presente ela cortava parte da embalagem e colava nesse diário dizendo quando e de quem eu ganhei, e geralmente colava também os cartões que me mandavam. Infelizmente ela só escreveu até os meus dois anos e pouco.
Várias páginas continham frases como “Papai e mamãe te amam muito!Obrigada por tudo que tem nos ensinado”. E me perguntava, quando mais nova, o que um bebê pode ensinar a seus pais....que pergunta idiota a minha, não?

Hoje, olhando pra ele me dei conta de quanto carinho tinha ali dentro. De quanta vontade ela tinha de que eu soubesse como a minha chegada a fez feliz, plena. De como fui esperada e amada desde muito pequena. De quanta esperança ela sentia ao olhar pra mim tão pequena, de quantos sonhos ela alimentava . Todos muito bons e diferentes do que ela julgava ser ruim em sua própria vida.

Lendo alguns dias onde ela apenas escrevia “Hoje aconteceram muitas coisas mas a mamãe está com muitos problemas e não vai escrever” eu fico feliz de reler o “Obrigada por tudo que tem nos ensinado”, ou “Muito obrigada, você semeou bondade e alegria em nosso caminho”. Eu vivia triste por nunca ter feito nada por minha mãe, quando na verdade talvez eu nem imagine quanto bem eu fiz sem nem saber.

Acho que como eu, ela se expressava melhor escrevendo do que falando...talvez nunca conseguisse me falar pessoalmente todas essas coisas.

Que vida doida, mesmo que conseguisse, não nos deu tempo de descobrir isso.

De uns tempos pra cá, quando me sinto triste ou sozinha, precisando mesmo de um colo de mãe, ao contrário de antes quando ficava revoltada por não ter, sento e escrevo pra ela, no mesmo diário em que ela me escrevia. Me faz um bem danado...como pode né? Pra quem não sabe mais o que é gritar a palavra “mãe” quando está machucado, escrevê-la contando em seguida o que te machuca ou te faz feliz é milagroso! Queria ter descoberto isso antes.

O fato é que hoje escrevendo pra ela, falando da falta que eu sentia dela em dias como hoje, comecei a analisar pessoa por pessoa em minha vida, e dizer o porquê de nenhuma delas conseguir suprir essa falta.

Falei do meu pai, da minha avó, do Pedro, do Marco Aurélio e em seguida comecei a descrever as atitudes que me magoavam de cada um deles, e das atitudes que eu esperava que ela tivesse, caso ainda estivesse viva. De repente fiz duas descobertas maravilhosas.

A primeira se resumiu numa frase “É mãe, eu me pareço com você mais do que imaginava.Tenho muito orgulho disso”. A segunda , se deu como mágica. Eu percebi, citando as qualidades de minha mãe e o que faria em momentos como esse, que na sua ausência, ela me deixou alguém exatamente como ela: meu irmão, Carlos Junior. É impressionante como nós três (minha mãe, ele e eu) nos parecemos em atitudes, cuidado, sinceridade...temos os mesmos valores e princípios morais.

De repente me dei conta que ainda tenho alguém em minha vida que me ama incondicionalmente, incapaz de me jogar qualquer coisa na cara, capaz de fazer qualquer sacrifício por mim, com quem não sinto o menor pudor em me abrir, em quem posso confiar e com quem posso contar sem restrições. O bonito de tudo isso é que é exatamente assim que me sinto com relação a ele. A recíproca é absolutamente verdadeira.

Obrigada mãe, porque me amou tanto que até na sua ausência deixou alguém assim ao meu lado. Alguém que nos piores ou melhores momentos me fizesse pensar “Obrigado Deus, eu não estou sozinha”.

Desde pequenos, sempre grudados. E eu como sempre com cara fechada!rss

Ao meu irmão eu digo o que disse na mensagem que mandei hoje de manhã: Obrigado por existir, tê-lo ao meu lado faz o mundo parecer menos assustador.

Câmbio desligo ao som de “Delicate”, Damien Rice

2 comentários:

Anônimo disse...

ai q delícia...
um texto lindo, digno da minha Flor!!!
cheio d ternura e amor!

q bom q o blog voltou...
=)

beijoooo e carinho!

Brício Salim disse...

Dênia, menina! =]
Nina, para os íntimos! rs
Realmente, junho de 2.006, é tempo, viu? ^^
Mas eu sempre sou a favor do "antes tarde do que nunca", né? Ainda mais quando é coisa boa, do bem!
Não sei se sabe, mas moro em Salvador, posso estar enganado, mas vc é baiana, né?
Ah, tbm tenho fotolog!
Bem-vinda então a essa amizade! :D
P.S.: escrevo pra qual dois dois blogs?